"Luxo,calma e volupia", Renoir
Museu d'Orsay - Paris


VOU DOBRAR A ESQUINA E QUEM QUISER QUE ME ACOMPANHE!

 


Daniel Santos Hercos (*)

Se ficássemos amargos com tudo de ruim que nos acontece, contaminaríamos uns aos outros; a família, os amigos e o mundo. Acredito na evolução pela decepção ao observar que esta constrói mais que a ilusão e os auto-enganos. Seria importante perceber e aceitar a si mesmo como partícula mínima do grande oceano em que somos lançados ao nascer; pois cada gota envenenada modifica o todo, por pouco que seja.

Os ensaios são mais importantes, esqueçamos a ficção. A morte, o maior teste da impotência de todos os amores, faz-se soberana de nossa existência, impondo a razão frente à perversidade humana com suas mesquinhas intrigas e minúsculas vinganças. Na perda seria honrado instigar e revolver a vida na busca de sua plenitude, aproveitar a bagagem da experiência conquistada e curtida muitas vezes! Somos imperfeitos, mas dignos de amor, respeito e alegria. Podemos enxergar através do denso nevoeiro a lucidez e os valores morais que se encontra em nossas mãos pela força, sabedoria, justiça e retidão que esta impõe.


Fazem parte de nossos vícios, velhas paixões que nos movem ao envolver medo e prazer nos enfrentamentos e instintos de sobrevivência. Sabemos que o destino prega muitas peças, ata e desata-nos, abre e fecha caminhos, inventa encruzilhadas loucas e finais surpreendentes que fazem de nossa vida uma experiência única, animadora e estimulante, sempre a espera de aventura ao dobrar a próxima esquina. 

 

(*) Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria
Atua na Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFTM)

Publicado no Jornal da Manhã - 25/02/2007


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