Ética política, um desafio da sociedade brasileira

Daniel Santos Hercos (*)

Além das leis divinas encontramos em sã consciência uma situação chamada "conflito de interesses”. No mundo político, que nada me agrada falar e nem percebo qualquer encanto; trata-se de um conjunto de condições em que existe uma proposta primaria de melhorar a vida do outro, entenda-se o "povo brasileiro”; que faz contraponto ao ser influenciado por um segundo interesse; o ganho financeiro pessoal. A reboque observamos um choque de decência na sociedade de um modo geral. É inaceitável o comportamento da classe política brasileira, o Brasil mudou e não devemos dar espaço para embustes dessa natureza. Descrédito no congresso nacional será a conseqüência se houver omissão na investigação das denúncias que inundam o plenário de forma assertiva a representantes específicos da casa. A honorabilidade de um político reside na sua capacidade de ser humilde ao abrir verdadeiramente sua vida de homem público quando esta se cruza com a vida privada.

A estes senhores falta sobriedade, parecem trapalhadas juvenis sem ritmo nem afinação, passos confusos de um samba incerto. As escolhas são nossas, incluem riscos, perplexidade e o sentimento que não somos infalíveis nem onipotentes.  Cultura e politização incluem escola e livros, sabemos que  educação é a base da formação social. Estimular é política de governo, mas reafirmo, somos quem escolhe e sustenta este. Nem sempre entendemos seus objetivos, seus métodos e expectativas de resultados. Mas sabemos que um líder não se esconde atrás de outros e nem de pilhas de papéis, tem que ser respeitável, servir de exemplo para o povo, ter sabedoria e caráter. Não pode trair nossos valores familiares, destituir princípios morais e humanísticos, se vender ou ser cúmplice de ladrões. Deve estar preparado para o que se espera dele.

O que não podemos perder de verdade é a capacidade de manter nossa compostura, o orgulho e a esperança. Não ser tolos nem rígidos demais. Frente à ruptura de um compromisso mútuo com o cidadão de bem, nada mais digno e respeitável do que deixar o outro ir pagar pelos seus erros. Se Deus nos ajudar a tanto; porque às vezes isso é dura tarefa e pede a benção sobre os mais nobres políticos, e espero que existam!

 

 

(*) Médico Psiquiatra da UFTM
Membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria
Publicado no Jornal da Manhã - 21/06/2007

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