Luís de Camões

NOSSA PÁTRIA, ESTA LÍNGUA PORTUGUESA.

FEZ DA IDENTIDADE A UNIÃO.

HOJE O SAMBA VAI AO LÁCIO COLHER A ÚLTIMA FLOR.


Daniel Santos Hercos (*)

Em 2007 a mais tradicional e popular escola de samba do pais, “A MANGUEIRA”, abre alas para homenagear o grande elemento de identidade nacional: “A LÍNGUA PORTUGUESA”. Seu maior feito foi sem dúvida manter unido este país gigantesco onde vivemos, o português é hoje o sexto idioma mais falado no mundo. É a língua oficial de oito países dos cinco continentes: Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. São cerca de 250 milhões de falantes, a maioria no Brasil. O idioma de Camões tem palavras que não encontram tradução em outras línguas. Exemplos: luar e saudade.

Muitos séculos antes do Descobrimento do Brasil, o Império Romano havia conquistado vastos territórios da atual Europa. Não foi uma conquista apenas política e territorial – foi também cultural. Os exércitos romanos impuseram seu idioma – o Latim vulgar – que em cada região deu origem a uma língua diferente (Português, Francês, Espanhol, Italiano, Romeno, etc). O Latim, por sua vez, tem origem no Lácio, uma região do centro da atual Itália onde surgiu Roma. Ao chegar ao Brasil, trazido pelos descobridores em 1500, o Português sofreu primeiro a influência das línguas faladas pelos indígenas que habitavam o litoral: o Tupi e o Tupinambá. Mais tarde, o Português foi enriquecido por palavras do Banto e do Iorubá, idiomas falados por escravos africanos. Essas contribuições formaram o Português “brasileiro”, uma língua mestiça em constante evolução. Mais recentemente, no século 19, o Português falado no Brasil incorporou também expressões trazidas por imigrantes de várias partes do mundo.

Além de grandes autores portugueses como Luiz de Camões, Padre Vieira, Eça de Queiroz e Fernando Pessoa, o nosso idioma tem no Brasil outros tantos luminares: os cariocas Machado de Assis (primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras) e Olavo Bilac, o alagoano de Quebrângulo Graciliano Ramos (Vidas Secas, Memórias do Cárcere), o mineiro de Itabira Carlos Drummond de Andrade (Brejo das Almas, José), o fluminense de Cantagalo Euclides da Cunha (Os Sertões) e muitos outros, considerados clássicos da língua portuguesa. Grandes poetas brasileiros, como Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Cartola, Caetano Veloso,Guilherme de Brito e tantos mais encontraram no samba uma forma superior de falar à alma do povo. A música brasileira difundiu o idioma e aproximou a “última flor” da gente simples que canta, e se encanta.

Feita em poesia:

“Vencendo a fúria de ventos agitados ,
Singrando “mares nunca dantes navegados”,
Lá vêm elas - tão frágeis e tão belas –
Sorriso aberto em suas velas:
Dez naus, três caravelas.

“Trazem a bordo um rico tesouro .
Que não é prata nem é ouro
É uma herança, uma bonança .
Mais valiosa que um palácio:
A última flor do Lácio.
“Inculta e bela”, como Bilac cantou .
És meu pendão, meu refrão,
Pura e singela, és minha flor na lapela .
Que o tempo enfim consagrou”

“Brota em meu peito uma forte emoção
Quando vejo um cenário de tanta beleza!
Deus, em sua Criação, fez questão
De mostrar sua mania de grandeza
Quando dotou o Brasil, sua grande paixão
- e disso eu tenho certeza –
Do idioma que fala ao pulsar do coração:
A nossa Língua Portuguesa!”

 

PARABÉNS A ”ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA”.
HONRA E VIDA A LÍNGUA PORTUGUESA!!

 

(*) Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria
Atua na Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFTM)

Publicado no Jornal da Manhã - 08/02/2007

Psiquiatra Daniel Hercos - publicações selecionadas
WebDesign por Paulo Henrique Lopes