Pierre-Auguste Renoir. On the Meadow. c.1890. Oil on canvas. The Metropolitan Museum of Art, New York, NY, USA

 

POR UM OLHAR QUE NOS SEDUZ


Daniel Santos Hercos (*)


H
oje proponho que as paixões humanas voltem a brincar, talvez por algum tempo descansar nossas mentes.

"Se o imediato não é possível que bom seria fugir e deixar por pouco que seja tudo como está. Indesculpavelmente romântico,  cego e criminoso por omissão. Vamos tirar férias no reino mágico de Pasárgada.Que pode estar ali mesmo bem pertinho da gente."


Observo que envolvidos, estamos morrendo juntos. Cansados de escândalos e inércia política, criminalidade sem controle, tragédias com aviões e a sensação de uma existência Severina. Muito desperdício de vida! Nosso subconsciente tornou-se medroso, sempre beirando precipícios com olhos míopes e passo hesitante. Temos um inimigo imposto naquilo que já não suportamos ver e ouvir.

Pura expressão d'alma,uma coletânea de canções emocionantes e generosas.São os sons da natureza,  o belo que existe abaixo deste céu azul,lindas flores,riachos e a fauna exuberante.Com esforço levantaremos nossa cabeça e assim num gesto de olhar vamos encontrar bem ali muitas razões pra dizer... a vida é bela.Mas isso não é coisa para os queixosos e os demais rígidos,aqueles para quem a felicidade é um bem proibido por um Deus severo.Como bom amante convido para de noitinha contar estrelas no céu,esquecer o necessário e brincar.No silêncio curtir sem   culpa  o presente da vida e da criação.

Serenos e cintilantes seremos andarilhos dentro de nós mesmos, com grande simplicidade vamos enxergar o mundo além do obvio. Transcender diferenças e cultivar os bons momentos. Conseguir interagir mesmo quando percebemos que existem incongruências com o outro. Diferenças constroem e cativam, enriquecem ao encurtar labirintos e dramas existenciais. Uma boa lição de amor para quem acredita na felicidade apenas como utopia. Muito mais abertos para a vida, a alegria, e a claridade de nossas mentes. Pois a morte nos espreita quer seja no avião, no carro, na calçada do bandido, na cama, ou ainda de forma súbita e sem aviso prévio.

 

(*) Médico Psiquiatra da UFTM
Membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria
Publicado no Jornal da Manhã - 11/08/2007

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