Claude Monet


 

VENTOS DE OUTONO..

QUE ME TRAGAM FADAS E GNOMOS


Daniel Santos Hercos (*)

 

 

Haverá um tempo em que poderemos caminhar por uma pequena estradinha entre vastas e encantadoras florestas. Cantar o dia todo e escutar apenas o eco de nossa própria voz vindo das mais lindas colinas. Vozes mais densas, mais fortes e mais jovens. Afinal seremos pastores do mundo por onde andamos e aninhamos.  Nosso sonho e esperança renovados por magia e alegoria poderão navegar pela grande barca que nos faz acreditar em “Fadas e Gnomos”. E quando transitarem pela alma requerer mais uma vez o benefício da vida. Iremos ao universo dos “duendes” ao contrário de pedir que se tornem parte deste mundo onde tudo sempre morre. Acreditem, na natureza, seres feios, pequenos e tortos podem viver muito além da última floração. Capazes por encanto e ternura de superar o insensato e desalentador.

Nos contos os “Gnomos” são os donos da terra, seu hóspede e guardião. Podem até serem qualificados de feios, mas são muito sábios. Amantes dos meses de outono sua origem real ou sobrenatural aqui não faz diferença. “Fadas e Gnomos” se confluem como “elementais” da natureza e são tão antigos como a própria terra.  Vivem em suas próprias dimensões e exploram nossos domínios. Quando abrimos nosso coração temos a possibilidade de vê-los. Podem estar em qualquer lugar, sobre a crista de uma folha ou no alto de uma árvore. Como anjos tentam construir o mundo para o bem da humanidade e ambiciosos querem erradicar todas as nossas enfermidades. Mas nós insistimos em não enxergar esse mundo sutil que poderia caber na palma da mão.

Hoje vamos parar, observar e buscar em nossa essência interior algo que pode estar afinal em um galho de árvore. Respirar de verdade e transbordar de bonança ao perceber o aroma dos ventos de outono. A natureza perante a vida faz a impassibilidade impossível. Seja o que for que evoque em nós: fantasia, alegria, tristeza e surpresa. Admirar seus contornos, suas frontes e a grandeza que foge no horizonte, faz a gente acreditar que há esperança nesta terra. A natureza nunca erra, não transita perdida buscando espaço entre os pares. Seu caminho é pela luz, para cima, sempre em busca do sol e a contemplar sem pressa. A fazer de nossa existência um lindo “Conto de Fadas”. Testemunha de vida ao desenrolar a história em cada estação.

(publicado no Jornal da Manhã de 18 de maio de 2008)

 

(*) Médico Psiquiatra da UFTM
Membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria

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